quarta-feira, 16 de julho de 2008

Letzte Tag in Deutschland

Es ist schwirig zu denken, dass dieses wunderschöne Jahr in zwei Koffer und ein Rückensack zusammengefasst ist. Ich habe gar kein Bock wieder in der stressigen Sao Paulo zu leben. Ich will auch echt net die Freunde, den Main, die Partys, meinen Wohnheim, einen spezialen Person (...) verlassen. Die einzige die ich in mein Land vermisse sind den Journalismus, die Familie und ein paar Freunde.

Ich kann einfach nicht akzeptieren, dass die schöne Zeit in Deutschland verbracht jetzt schon im Vergangeheit steht, dass ich schon morgen zurück sein werde. Ich mag nicht aufwachen.

Zu Hause ist nicht da, wo deine Schuhe stehen, sondern dort, wo du dein Herz hast. Folge deinem Herzen und höre niemals auf, deine Wünsche und Träume zu HÖREN und zu LEBEN! (von 'nem Freund)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

So sieht Sieg aus!

Saí da estacao Hauptwache de metro após a vitória alema por 3 a 2. Ao alcancar o último degrau, nao podia acreditar nos meus olhos nem nos meus ouvidos. A maior multidao que já vira ali ocupava a praca e a rua inteira. De um lado dela, um torcedor sentava-se em cima do semáforo de pedestres e sacudia com entusiamo a bandeira alema. Do outro lado, um tocedor escalava o semaforo dos caros agitando uma bandeira da...Turquia. Embaixo, misturavam-se dezenas das mesmas bandeiras, sacudidas por torcedores que entoavam o hino da noite "Türkiye, Deutschland! Türkiye, Deutschland!" Por essa ninguém esperava...

Policiais. Estes seriam o assunto da noite. Mas juro que o primeiro que eu vi estava de longe com uma camera na mao, só filmando o "espetáculo". Sim, claro, havia muitos, no mínimo o triplo do contigente normal em partidas. Alemanha e Turquia?? Pancadaria! Era necessário reforcar o policiamento. Nos dias e nas horas precedentes ao jogo, em todo lugar, só se ouvia falar nisso. Incrível como nem condicao técnica dos times nem nada de futebolístico era discutido.

Era como se aquele conflito velado entre os nativos e os que sao maioria entre imigrantes, entre eu trablaho em escritório e voce no MC Donalds, entre oriente e ocidente, membros da uniao européia e "novos bárbaros", cristoes e muculmanos, tivesse que enfim ser encarado e assistido. Estava alí, em campo, personificado pelo futebol. Acho que os proprios torcedores, de ambos países, se surpreenderam com a total falta de necessidade da polícia para "intermediar" a festa entre as partes.

E festejaram bonito! Era aelamo de moicano tricolar tocando samba (custei a reconhecer a música "O Brasil, do meu amor, terra de nosso Senhor.."), engravatado escalando poste para pendurar bandeira no topo, banhos de cerveja e todos cantando junto "So sieht Sieg aus! Schalalalalalala!" (esta é a aparencia da vitória) ou entao "Finale, oooo! Finale, oooo!" (parafrase da cancao italiana "Cantare, Volare") Os que tinham bandeiras de cada um dos países, atendiam eufóricos aos pedidos de turistas e jornalistas de juntarem-se para fazer uma foto. Chiara, amiga italiana, dona de uma daquelas cameras, chegou até mim com os olhos brilhando. "Madonna! Me veem arrepios. É uma cena que vou me lembrar pela vida inteira".

quinta-feira, 12 de junho de 2008

E aos 47 do segundo tempo...Türkiye!

"Türkiye, Türkiye, Türkiye!" Os gritos eram entoados por torcedores com caras pintadas, camisetas vermelhas, buzinas, tambores e aquelas bandeiras vermelhas com uma lua e estrela ao centro. Muitas bandeiras. Em número ou em tamanho elas eram no mínimo tres vezes mais que as alemas no domingo passado, depois da vitória avassaladora contra a Polonia.

Estamos na Hauptwache, regiao central da cidade alema de Frankfurt am Main, e é inevitável nao comparar a festa das torcidas nesses dois dias. No fim de semana, a volta instantanea e quase silenciosa para a casa. "É que amanha é segunda-feira, muitos precisam trabalhar", comenta um amigo alemao. Nesta quinta-feira, o buzinaco de carros e motos é ouvido de longe. A música e os gritos ritimados da torcida, idem. Comento a diferenca com um rapaz ao meu lado. Ele observa entre risos "mas acho que nao há mais alemaes que turcos nesta cidade".

A torcida usa de toda a sua ciatividade para comemorar. Na entrada do metro, fazem uma "roda de samba", que na verdade toca danca do ventre. Os Homens entregam-se à danca. Um rapaz nos seus vinte anos, bandeirinhas turcas pintadas no rosto e lenco vermelho na cabeca, se poe a rebolar no meio da roda. Logo, logo ele levanta a camisa número 10 e mostra como os turcos sabem mexer a barriga. É imediatamente acompanhado por um colega. As mulheres vao ao delirio e se juntam à festa. Eu decido o destino da minha próxima viagem.

As demosntracoes de euforia nao param por aí. A bandeira nacional turca vira lenco de cabeca para as torcedoras mulcumanas. Ela é também pano da "tourada" com pedestres e carros que passam, enclusive um da polícia. Oops! Esse recebe tratamento especial: o torcedor coloca um cachecol da Turquia no para-brisa, vira de costas e mostra que nao é só o Brasil que sabe mexer a parte de trás. Todos os carros que passam trazem no mínimo uma bandeira e, no mínimo, uma pessoa pendurada na janela ou sentada no teto solar para sacudir essa bandeira.

Na praca, um grupo de torcedores sauda-se com um particular gesto de mao, que lembrava aqueles de show de rock: o dedo polegar une-se ao médio e anelar, enquanto o mínimo e indicador apontam para cima. Pergunto a um dos espectadores o que aquilo significava. "Esse gesto é proibido!". Por que? "Representa o nacionalismo turco. Nao tao forte como a saudacao de Hitler, mas nessa direcao.."

Em seguida, vejo o rosto de uma homem estampado em uma das bandeiras. Quem é? "Mustafa Kemal. Ele criou o Estado turco, pouco antes da Primeira Guerra Mundial, quando as potencias européias dividiam a Turquia. Foi o primeiro presidente do país". Nao pude nao perguntar ao meu informante, que identificara-se como croata, como ele sabia de tudo aquilo. "Meu melhor amigo é turco".

Olho no relógio. Uma e meia da manha. Faz frio e vou fechar a janela. Ouco um barulho na escuridao do gramado. "Estamos te encomodando, Kívia?" Era o meu vizinho, com outras duas pessoas. Cada um traz uma bandeira da Turquia. "Nao, nao...estou ouvindo música ... e escrevendo sobre voces". Risos. "Entao vem aqui embaixo comemorar com a gente!"

Pausa

Eurocopa, manifestacoes estudantis, festas, viagens pelo interior do país...ai, é coisa demais acontecendo nestas minhas últimas semanas de Alemanha!Interrompo os relatos sobre a minha viagem européia para (tentar) contar o pouco do que tem acontecido nestes dias.
"Ao se falar do passado, nao se vive o presente" (alguém que eu esqueci)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Epifania de Bruxelas

Parece que nem tenho forca para escrever. A mao parece querer tremer. Muitas boas lembrancas da Bélgica. Respiro e fecho os olhos: o aglomerado de restaurantes à luz de lareira e velas, as casinhas desgastadas construídas juntinhas, os monumentos clássicos de tirar o folego, queijos e chocolates, caminhadas intermináveis, ficar perdida e encontrar lugares ocultos, o meu maravilhoso anfitriao...ai...

Pela janela do onibus me despeco de Bruxelas com os suspiros dos apaixonados. Quero escrever, quero falar com um sorrisao de tudo o que vi e senti aqui, mas, mas agora estou simplesmente demanchando!
Nao consigo narrar. Desculpa! Confesso que estou aqui há uma hora procurando o fio-da-meada ou, sei lá.

Sorry, depois eu conto. Agora só tenho espírito para poesia.
(escrito em 14/03/2008)

sábado, 31 de maio de 2008

Hungria

Boas lembrancas nao vou levar deste país. Ao chegar à Rodoviária, ontem à noite, o que senti foi medo. Sensacao estranha. Budapeste lembrou-me imediatamente de Sao Paulo. Muito transito, avenidas largas, prédios e mais prédios, luzes urbanas e, claro, chuva. Cheguei até a ficar feliz, na verdade. Um lugar parecido com o Brasil, acho que vou me sentir bem aqui. Nao foi nada disso.

O apartamento onde ficaria, nao foi dificil de encontrar. Até aconteceu uma série de coincidencias, o que reforca a imprenssao de início de coisa boa. Perguntei para um homen, aleatoriamente, onde ficava a rua para onde tinha que ir. Nao sabia. Logo em seguida, encontrou um amigo passando por alí. Ele sabia e estava indo para lá. No caminho, me contavam como o Brasil era parecido com a Hungria. Quanto à política, fatos sucessivos me fizeram acreditar que eles podem ser tao corruptos como nós.


Os moradores da casa me trataram bem. Muito bem até. Pode usar a internet à vontade. Colchao com coberta. Ajuda na hora de cozinhar. O banheiro é aqui, fica à vontade. Mas, cada um que chegava fazia um interrogatório. Aquilo nao foram conversas, foram intrevistas. E com críticas: voce nao fica muito tempo nos lugares. " Se ficar se olhando no vidro da janela, nao vai chegar a lugar algum".A saída relampago a dois pubs foi legal. Explorando lugares alternativos. Mas eu estava na verdade era muito desconfortável.

À noite, tive pesadelos de acordar várias vezes. Hoje de manha chovia ainda mais. A este ponto, quando finalmente deixo esta cidade, meus pés estao molhados e o coracao apertado. Tanto que até arrepio. Nao me peca esclarecimentos. Só quero sair daqui!

Nao é por menos. Depois de horas de caminhada, com quinze quilos nas costas, sem guarda-chuva, nao poderia estar de outro jeito. As placas sao em húngaro (lígua diferente de tudo, com parentesco só mesmo com o finlandes e, mesmo assim, distante) Algumas sao em ingles: ou se contradizem ou nao tem continuacao. Fui seguindo uma que indicava a Estátua do Pensador (foi o que entendi pela figura). Andei, andei. Cheguei à outra, indicando o mesmo monumento, só que em direcao oposta. Desisti. Falentes de ingles? Quase nao os encontrei. No fast-food, nao entenderam o meu pedido e paguei a mais. Tive que procurar alguém que falasse ingles, para desfazer o mal-entendido.

Mas a pior de todas as experiencias ainda estava por vir. Quando desci na estacao do metro que dá acesso à Rodoviária, quase aliviada por estar deixando o país, uns controladores de bilhete me param na entrada da escadaria. Adiantou nada eu procurar pelo meu ticket e dizer que eu o havia perdido - um pedacinho de papel laranja, feito à medida do meu dedo indicador.

O cara queria que eu pagasse 6 mil Florins (moeda húngara). Mostreu que só tinha 450 e que poderia comprar um outro ticket sem problemas. Ele, silencioso, pegou o dinheiro e pediu meu passaporte. Dei-o (puta ingenuidade!)

"Hmmm, Brasil...6 mil Florins". Que ódio! Adiantava menos ainda eu falar que nao tinha. Ele só repetia: 6 mil ou problema com a polícia. Eis que passa dois conhecidos do sujeito. Ele os cumprimenta com euforia e nao controla nenhum dos dois. Eu faltava explodir! "Por que voce nao os controlou??". "Nao precisa".

Eu revirava a minha mala (pois é, em público), mas nao adiantava. Mostrei o meu cartao de banco; era o que tinha. Ele só repetia: " no credit card"; 6 mil ou problema com a polícia. No fundo da mala acho trinta euros. Ele tinha o meu passaporte, eu estava prestes a perder meu onibus, com a prolongacao da humilhacao. Paguei.

Ele nao me deu troco. Queria me vender um bilhete para "a próxima viagem. O que? Eu estou indo embora agora. "Finished Budapest?". Sure! Depois desta experiencia, nao quero nunca mais voltar. Durou um tempo até eu convence-lo disso.

Refiz minhas malas. Peguei o bloquinho para anotar nome da pessoa e da estacao. "O que voce está fazendo?". Nao vou dar 25 euros assim na mao de alguém, depois dessa palhacada e sair assim. o senhor escreveu uma espécie de nota fiscal e me deu. Assinou com o número do seu crachá.

Desnecessário falar que o sistema de controle de transporte europeu dá uma larga margem para arbritariedades e injusticas. E eu nao sei se tenho mais medo dos que formulam as leis acima do bom senso, ou do que seleciona a quem aplicá-las - a ferro e fogo. Lembrei -me do filme Das Leben der Anderen ( A Vida dos Outros).
(escrito em 12/03/2008)

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Mais tarde, fico sabendo de outros dois conhecidos brasileiros que também tiveram que pagar essa multa no metro de Budapeste.

Bratislava

Mas onde é isso, Kívia? Nao teve um brasileiro que, ao saber que eu esava lí, nao fizesse esse pergunta. Capital da Eslováquia. Ou, para facilitar, cidade pertinho de Viena. Há quem pegue o trem para assistir à Opera vienense e volta ainda na mesma noite.

Nao faz muito tempo que esse aglomerado de 500 mil habitantes passou a ser chamado de Capital. Há apenas quinze anos, quando a Checoslováquia foi desmembrada em República Tcheca e Eslováqia. Como em outros lugares da Europa Oriental, a separacao de povos diferentes dentro do mesmo Estado só foi possível após a queda de regismes comunistas. No caso checoslovaco, esse processo foi apelidado por jornalistas da época de Revolucao de Veludo, por ter acontecido de forma nao violenta (vide foto).

Perguntei para os meus anfitrioes se existia alguma rivalidade entre os cidadoes dos dois países. Nem um pouco. "Temos problemas é com os húngaros". Desafeto que remonta às eras pré-medievais. Os dois países sao é muito ligados. Um entende a língua do outro (diz que é mais fácil que espanhol para nós). Eu tenho dois amigos eslovácos que fazem faculdade em Praga e intercambio aqui em Frankfurt. Uma zona...

Ambos estao também no mesmo barco sócio-economico. Bom, pelo menos assim pensava eu. Ambos do leste europeu, ex-comunistas, alta taxa de desemprego...mas a minha anfitria, Anna, diz que Bratislava vive um ótimo momento economico, muitas firmas extrangeiras (especialmente americanas) estao a procurar mao-de-obra especializada alí. Fato que, segundo Anna, está a atrair muitos tchecos para o país vizinho...

Infelizmente, nao tenho estatísticas para provar o que minha colega falou. Mas tenho fotos ;) Pode-se ver uma arquitetura moderna, prédios recentes e, até mesmo os com cara de outros séculos, pintadinhos e sem manchas. Muitos restaurantes chics à beira do rio Danúbio. "Pena", diz Boris, um dos meus anfitrioes, "porque antes de eles estarem alí, podíamos desfrutar o melhor gramado da cidade para fazer pique-nique".

Foi comecar a falar dos efeitos colaterais da..."modernizacao" de Bratislava para o meu terceiro anfitriao, estudante de teatro e cinema, se revoltar - e eu concordar. "Para construir a merda desta ponte, destruiram todo um bairro judeu antiguissimo! Esta regiao aqui era colorida, cheia de grafites, dava um ar alternativo à cidade, mas pintaram tudo de cinza". Foda. Mas pelo menos barzinhos curiosos tem de monte ainda. Neste daqui, chamado Certa (diabo, em eslovaco), eu pedi a primeira cerveja da minha vida. Custou menos de um euro, eles pagaram e foi sem álcool.